Uma estória preciosa

Precious, em termos de linguagem "mitológica" do cinema era identificado, até agora, com o anel que o ser Gollum queria desesperadamente na trilogia de Senhor dos Anéis. Agora, com a chegada do filme de Lee Daniels baseado no romance PUSH, de Sapphire, talvez a palavra Precious ganhe outro significado.
Na verdade, este filme-surpresa independente, à semelhança de Nas Nuvens, conta com seis nomeações para a próxima edição dos Óscares, incluindo nas categorias de Melhor Filme e Realizador.
Produzido por Oprah, a história vai muito para além do que salta à vista, dos factos duros e trágicos: acompanhamos Clareece "Precious" Jones (Gabourey Sidibe), uma adolescente de 16 anos negra, excessivamente obesa, iletrada, mãe solteira (o filho, vítima de síndroma de Down vive com a avó).
Precious vive no Harlem, é gozada com frequência pelo seu tamanho, tem de lidar com as humilhações e abusos da mãe e está grávida do segundo filho após nova violação do próprio pai, que entretanto desapareceu. Com uma imaginação fértil, sonhos e esperança, apesar do ambiente hostil, dos problemas em possuir amor próprio, a história de Precious é apaixonante e mostra como compensa não desistir e como o poder da escrita pessoal pode ser uma boa forma de psicologia. A jovem é obrigada a mudar para uma escola especial, onde descobre o poder da escrita e do amor através dos colegas e da professora (Paula Patton). A forma como Lee Daniels (na sua 2ª longa-metragem) filma Precious, com grande proximidade e energia, ao estilo da série The Office e a interpretação de Gabourey Sidibe, na sua estreia absoluta como actriz, são bons exemplos da capacidade do cinema nos cativar enquanto arte.
Destaque ainda para os pequenos papéis de Mariah Carey e Lenny Kravitz, que estão irreconhecíveis.
Fonte: Destak